27.10.10

Traumas Insetus

Quando pequena, eu era uma autêntica colecionadora de insetos. A primavera, para mim e para meu irmão, era um momento mágico de coletar cigarras variadas e demais seres pestilentos para dentro de um vidro de maionese.

Passados os anos, comecei a perceber os insetos melhor. Como exemplo de percepção, cito aquela simpática bolota colorida que externamente são as joaninhas. Ela, ao levantar sua bonita casca para voar, tem real corpo negro com cabeça triangular from hell. Já a cigarra, meus caros, tem um alfinete pontudo no meio do peito que, se vc está desatento com uma pousada em seu dedo, ela irá fincar a tal ferramenta pontiaguda em ti, e ali ficará grudada até seu bem querer ! Sim, é de fato desesperador.

Isso me despertou traumas, e todos animais sem ossos começaram a me inspirar intenso nojo. As recolhidas primaveris em potes de maionese acabaram, e passei simplesmente a torcer passar ilesa sem nenhum contato whatsoever com insetos tarados da primavera.

Em todas, apesar de variados escândalos, sobrevivi muito bem, e não tive que interagir com nenhum deles a sobrevoar meu cabelo, corpo, vida, casa. Em tal época, eles nada faziam além de ameaçar vingança pelos meus tempos de coleta infantis.

Este ano, porém, a vingança chegou. Eles ficaram próximos, ameaçadores, gritantes, e vira e volta pisei em um, o que, para mim, é igual a sofrimentos agonizantes pré-parto.

E agora, a lenda "Ana Voiss Insetus Invictus" se encerra.

Ouvi um barulho plástico assustador. No leve pânico e incerteza do que havia se passado, optei por me aproximar e fechar janela e cortina, para evitar que insetos entrassem de fato, como havia aparentado ameaçar o tal barulho.

Porém, o animal já estava dentro. Vi a figura negra voar barulhenta, e no desespero, corri, tropecei e quebrei um copo em mil pedaços. Uma autêntica cena tropas de elite, reconheço. Varri, com sentimento de derrota e desespero, os cacos e peguei um cobertor para me sentir protegida de eventuais grudes que o tal inseto, até então não identificado, poderia causar.

De dentro da caverna de cobertor, ouvi o animal selvagem me sobrevoar perto, depois longe, e perto novamente. Para ela, parecia divertida essa sádica brincadeira. Para mim, só me lembro de espasmos incontroláveis e tentativas não efetivas de contactar algum salvador.

Quando notei que o barulho de plástico havia estabilizado em um canto, com um som pouco intenso, resolvi abrir uma fresta da caverna e reconhecer que animal me assombrava.

Era uma pequena cigarrita que havia infortunadamente aterrisado de cabeça para baixo. Aliviada com o fato 'quanto menor, melhor', resolvi criar coragem e removê-la. Ela ainda tentava se virar para cima, em aparente tentativa para continuar a sobrevoar o ambiente iluminado, porém, fui mais forte.

Gritei uma ou duas vezes com o desequilibrio da cigarra a se debater, mas consegui pegar suas asitas, sem que uma ficasse solta e ela ficasse a girar. Assim, sentindo ainda suas debatências em meus dedos, consegui lançá-la janela afora.

Me superei, e confesso estar super orgulhosa.



Que venham as baratas !

Um comentário:

AnImoL disse...

Elas estão a proliferar nos esgotos, construindo o seu exército a fim de causar terror aos seres que vivem sobre a terra...